O Corpo Dançante

Mover-se em compasso interno e externo cresce e se torna vital a cada passo, a cada movimento, nessa incrível festa que é a vida

E então o ser, antes embrionário, é encarnado. Para nascer uma força vital o faz mover e, num embalo instintivo com a mãe, ele faz seu primeiro grande rito de passagem onde o movimento do corpo é fundamental. Eis que nasce um dançarino. Afinal, a vida convida o homem para dançar o tempo todo – não uma dança de estilo específico, mas a “dança” que sempre muda de ritmo pedindo força vital para seguir o baile em pé, equilibrado, consciente, disposto e saudável.

O corpo tem inúmeras possibilidades sonoras, motoras, emocionais, psíquicas, espirituais… Um grande e saboroso mistério, desde tempo imemoriais, onde a dança está para evolução humana tanto quanto o próprio caminhar. Da arte rupestre aos bebês que observamos hoje ao dançarem antes mesmo de falar, o movimento do corpo de forma ritmada e liberta faz parte do fluxo da vida.

Pelo simples prazer e alegria do movimento, o corpo responde intuitivamente ao som, à vibração sonora que invade e dialoga com células e com toda sua estrutura física e emocional.

E por meio da dança podemos despojar falsos conceitos, dogmas e máscaras sobre nós mesmos. Dançando devolvemos um ritmo próprio à vida. O movimento é cura, e colocando o corpo e a psiquê em movimento curamos e revitalizamos a nós mesmos.

Nascemos com um potencial humano a ser explorado e desenvolvido. Porém, dependendo da teia social e cultural em que crescemos, o conjunto de crenças, valores e influências externas pode nos impedir de viver de forma livre e espontânea. Com constantes e variadas repressões, contemos nossa energia vital e somatizamos tensões e doenças no corpo e na psiquê.

As emoções, segundo Reich, andam em pares: raiva-amor, medo-confiança e dor-prazer. O fato de as emoções negativas e positivas estarem relacionadas causa profundas implicações, por que a compreensão equivocada sobre como lidar com as emoções negativas afeta diretamente a nossa capacidade de experimentar as emoções positivas.

Portanto, reconhecer e liberar as emoções contidas e reprimidas, dissolvendo as couraças musculares através de exercícios da respiração consciente, da dança e da meditação, pode gerar energia vital com fluxo livre e natural e ampliar nossa consciência corporal.

E por meio da dança podemos despojar falsos conceitos, dogmas e máscaras sobre nós mesmos. Dançando devolvemos um ritmo próprio à vida. O movimento é cura, e colocando o corpo e a psiquê em movimento curamos e revitalizamos a nós mesmos.

A partir do movimento consciente por meio de várias técnicas de terapia corporal, podemos honrar nosso corpo na sua essência e cuidar dele para que seja desfrutado da melhor forma possível. É necessário manter um corpo vivo e saudável, fazendo dele sua principal morada – o útero de sua alma.

Entrando em contato com o corpo e suas expressões, explorando e desfrutando novas possibilidades, desenvolvemos amor próprio e criamos mais espaço para com o outro, florescemos habilidades e talentos. Escutando o corpo podemos enxergar caminhos de uma vida mais próspera em todos os níveis.

Dançar junto também cria um mundo mais humanizado, criativo e alegre, estimulando os nossos lados Zorba e Buda, entrando em contato com o “eu” mais profundo e mais sábio, integrado em sua unidade e fortalecido no coletivo. A percepção das infinitas possibilidades de mover-se em compasso interno e externo cresce e se torna vital a cada passo, a cada movimento, nessa incrível festa que é a vida.

Nartan Lemos psicóloga com especialização em Terapia de Relacionamento, Psicoterapia Corporal, Bioenergética/Biossíntese, Dançaterapia e Meditação.  Atende individual e casal em Brasília.

* Artigo escrito para a edição Julho 2013 do Jornal Lotus – Bem estar

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