Texto apresenta uma compreensão do que seja esse temor que abate o homem moderno, e os caminhos da realização pessoal para uma vitória sobre o medo, segundo a análise bioenergética de Alexander Lowen
“Será o destino do homem moderno ser neurótico, ter medo da vida? Sim, é a minha resposta, se por homem moderno definirmos o membro de uma cultura cujos valores predominantes sejam o poder e o progresso. Uma vez que são estes os valores que assinalam a cultura ocidental no século vente, decorre que toda pessoa criada na mesma é neurótica. O neurótico está em conflito consigo mesmo ” (Alexander Lowen)
A psicoterapia reichiana e as terapias neo-rechianas como a análise bioenergética, orientadas pela abordagem terapêutica psicossomática (mente e corpo em interação) se configuram como uma das principais influências no meu trabalho como psicóloga e psicoterapeuta corporal. Assim, neste texto, abordarei um tema estruturante da modernidade que é o medo da vida, descrito pelo psicanalista Alexander Lowen.
Para Lowen, (um dos estudantes de Wilhelm Reich entre as décadas de 40 e 50, nos EUA), todos nós, em certa medida, temos medo da vida. Temos medo de nos abrirmos nossos corações em direção ao amor, medo de dar e receber, medo de sermos magoados, rejeitados, destruídos. Por outro lado, quando vivenciamos a vida com maior intensidade e vitalidade, como no caso das paixões, onde sentirmos mais sensações do que as que estamos habituados, sentimos que algo perigoso está por ameaçar nossas vidas e liquidar nossa identidade.
Assim, ao mesmo tempo que queremos nos tornar mais cheios de vida, temos medo disso. Ou seja, estamos continuamente amedrontados de ser plenamente nós mesmos? E, por termos medo da vida, seguimos adotando posturas controladoras e dominadoras, ou mesmo pessoas frias, capazes de agir sem sentimentos? Soa paradoxal, mas parece ser isso mesmo.
Estamos intimamente ligados ao que nossa cultura valida como projeto humano, que é fazer ou agir em nome de resultados. Assim, já não estamos comprometidos em sermos pessoas e sim agirmos continuamente para obter melhores resultados. E independente do que façamos, parecemos fracassar, pois ser uma pessoa não é algo que se possa fazer, não é um desempenho.
Ao entrarmos em conflito com nós mesmos, com aquilo que somos e o que acreditamos ser, que nossa energia se esvai, e perdemos a paz de espírito. E é comum nesse momento de crise que sejamos impelidos a procurar auxílio terapêutico.
“Se pudermos encarar nosso vazio interior, encontraremos um preenchimento. Se pudermos atravessar nosso desespero, descobriremos a alegria. (…)”
Lowen realizou um extensivo trabalho com seus pacientes no sentido de os ajudarem a conquistar alguma alegria e felicidade em suas vidas. Esforçou-se continuamente na compreensão do que seria o caráter neurótico do homem moderno, incluindo tanto sua perspectiva cultural quanto individual. Assim,desenvolveu a psicoterapia mente-corporal conhecida como análise bioenergética.
A análise bioenergética: algumas informações sobre a proposta terapêutica
A análise bioenergética de Lowen amplia conceituações reichianas em vários ângulos, compreensão sistemática da estrutura de caráter de cada pessoa, possibilita uma leitura dos problemas emocionais a partir da leitura do corpo. E a partir da compreensão de que nossas experiências de vida estão estruturadas em nossos corpos, propõe-se uma leitura da linguagem do corpo, que integra o processo analítico.
Através do conceito de grounding, a análise bioenergética oferece uma visão mais profunda dos processos de energia dentro do corpo em sua influência sobre a personalidade; remete ao relacionamento da pessoa sobre a base na qual se firma. O termo refere-se ao contato com o chão, e a partir daí a conscientização de um corpo “bem plantado no chão”.
A análise bioenergética inclui técnicas e exercícios corporais que nos ajudam a fortalecer a postura, aumentar a energia, ampliar e aprofundar nossa autopercepção e acentuar nossa auto-expressão. Dessa forma, o trabalho corporal é realizado junto ao processo analítico, tornando a abordagem terapêutica que considera que o funcionamento do corpo e mente devem estar combinados para o enfrentamento de problemas emocionais.
“A vida humana está cheia de contradições. É sinal de sabedoria reconhecer e aceitar tais contradições. Pode dar a impressão de uma contradição dizer que aceitar o próprio destino conduz a uma modificação desse mesmo destino, mas é verdade. Quando a pessoa para de lugar contra o destino, perde sua neurose (conflito interno) e conquista a paz de espírito. O resultado é uma atitude diferente (ausência do medo da vida), que se expressa um caráter diferente e se associa a um destino diferente. Essa pessoa terá coragem para viver e morrer, reconhecerá a plena realização da vida.”
*Texto escrito com base no livro Medo da vida: caminhos da realização pessoal pela vitória sobre o medo. LOWEN, Alexander. São Paulo: Summus, 1986.
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